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"Cazuza Segundo Cazuza"

04 de Abril de 2011 se estivesse vivo Cazuza estaria completando 53  anos. Porém o poeta ainda está vivo, na memoria de seus fãs e eternizado em suas musicas. Pensando nisso e nos 53 anos de cazuza, veio a ideia de postar uma homenagem. Mas como fazer esta homenagem: falar sobre sua carreira? biografia? talvez um resumo de sua vida, discografias, carreira e morte? ou entao videos com entrevistas? hum, repetitivos nao. Pensando nisso trouxe trechos do Cazuza falando sobre si proprio. "Cazuza Segundo Cazuza"

"Sempre escrevi, mas não sou muito bom de poesia, tenho guardado, mas vai custar muito para tirar da gaveta, não mostro, não. Tenho muito desconfiômetro, sou a pessoa que debocha de mim mesmo com mais escárnio. Antes de qualquer pessoa falar eu já falei, tenho uma autocrítica que é uma coisa louca. Mas o que escrevo tem uma coisa musical, já vem com uma música na cabeça, que é uma música imaginária. Só agora que comecei a assumir também que estou compondo música: no último disco tem três faixas com letra e música minhas. Mas procuro não compor muito sozinho. Jamais faria um disco todo com material só meu porque seria um bode." 


"De alguma forma me considero brega nas coisas que escrevo. Sou cafona e assumo. Gosto de palavras como ingratidão. Sou meio Augusto dos Anjos: 'escarra nessa boca que te beija' "

"Tenho feito mil experiências. Fui ao Santo Daime e achei interessante. Foi uma experiência fantástica tomar o Daime. Eu já tinha tomado muito ácido, cogumelo, mas era diferente. O Daime é uma coisa religiosa, uma coisa de sentir Deus, sabe? Eu não vou lá todo dia, pois eu não gosto dessa coisa de clube, seita. Mas foi uma ajuda. Eu descobri uma coisa religiosa em mim que é muito importante para minha cabeça." 

 "Todo mundo comentava: 'o Cazuza vive rindo, é o cara mais louco, distribuindo felicidade, levantando o moral de todo mundo'. E eu, lá dentro mesmo, não gostava de mim. Foi uma loucura quando descobri isso. Porque é óbvio, todos estes temas de análise, de não gostar da gente, da culpa, sempre estive por dentro, conversava com amigos analistas, mas nunca tinha parado para olhar para dentro de mim. Então, hoje, eu estou vendo tudo com este otimismo, acho que Brasil vai dar certo. As eleições para prefeito foram uma maravilha. Fiquei emocionado. Talvez ocorram ainda algumas conturbações, mas acho que não vamos repetir igualzinho 64, desta vez aprendemos a lição. Tento acreditar nisso." 

"Eu não me considero poeta, sou apenas um letrista para divertir o povo." 

"Eu acho que tenho essa ironia, esse deboche, sim. É uma autodefesa, porque as pessoas são fogo mesmo. Então a gente tem que jogar um pouco com o deboche, com o cinismo para não se machucar. Mas no meu trabalho mesmo, nas minhas letras, nas minhas entrevistas, eu levo tudo bem a sério... Cantar é a coisa mais séria que eu faço, que mais me faz feliz. O trabalho é uma coisa importante. A pessoa que não encontra algo que a realize vira uma ameba"


"O rock é a idéia da eterna juventude. Quando descobri o rock, descobri também que podia desbundar. O rock foi a maneira de eu me impor às pessoas sem ser o 'gauche' –  porque de repente virou moda ser louco. Eu estudava num colégio de padre onde, de repente, eu era a escória. Então quando descobri o rock, descobri a minha tribo: ali eu ia ser aceito! E rock para mim não é só música, é atitude mesmo, é o novo! Quer coisa mais nova que o rock? O rock fervilha, é uma coisa que nunca pode parar. O rock não é uma lagoa, é um rio. O rock é a vingança dos escravos. É porque não é para ser ouvido, é para ser dançado, é uma coisa tribal. Rock é simplesmente uma batucada. O rock brasileiro é fazer gracinhas, é contar piada. O que a gente tem de forte no rock brasileiro é o 'agá' que a gente leva." 

"Eu fiz vestibular para comunicação, porque meu pai tinha prometido um carro; sempre fui tarado por carro. Com 14 anos, pegava o do meu pai. Os guardas pegavam, tinha que dar grana, já era freguês... Bom, então fiz o vestibular, passei e desisti lá pela terceira semana"

 "Antes de eu nascer, já era Cazuza. Minha mãe tinha vergonha de me chamar, tão pequeno, de Agenor, nome do meu avô. Na escola, eu nunca respondia à chamada. Não sabia que meu nome era Agenor." 

"Desde pequeno, eu sonhava ser cantor, me ouvir cantando no rádio. Sonhava que um dia meu pai ia ter um Mercedes e ele comprou um. Sonhava em transar algumas pessoas e aconteceu. Não conto, ninguém pode provar mesmo. Mas ter uma música cantada por Caetano era um sonho meu, e aconteceu. O Ney, quando surgiu, foi uma porrada na minha cabeça. A liberdade sexual que ele transmite é mais forte até que Mick Jagger. Então quando ele gravou Pro Dia Nascer Feliz, foi um barato. Quando o Caetano, no show Uns, no Canecão, cantou Todo Amor Que Houver Nessa Vida, deu um esporro porque não tocavam o Barão no rádio, foi outro sonho. Acho que a minha estrela é mesmo muito boa..."

"Custei a acreditar que eu era realmente um artista, sabe? Eu queria fazer uma zona, aparecer nas revistas, nos jornais, mostrando 'tá vendo, papai; tá vendo, vovó'... Era uma coisa mais ou menos de provar coisas para quem não acreditava que eu fosse capaz de fazer. Foi uma época meio estranha, acho que todo artista tem isso, eu não me considerava, achava que eu era um cara da rua, da praia, que estava ali fazendo zona. Eu não tinha consciência do que eu estava fazendo. E as pessoas começavam a me cobrar, falando bem do meu trabalho, gostando, identificando coisas... Aí, você começa a ver que é um artista."

"Meu trabalho é totalmente intuitivo. Nunca estudei canto, dança, nada... eu sou rouco: eu birito, não tenho nenhum cuidado com a voz. Não faço nenhum exercício. Meu exercício é no palco." 

"Não me considero um cantor. Levo legal o meu lero. Sou afinado. Mas não passo de um letrista que canta, que gosta de palco. No palco, me sinto o cara mais gostoso do mundo. Fora dele, fico meio indeciso, perdido..." 

"Acho que o sucesso é uma coisa muito perigosa. Não me deixo seduzir por ele. Eu nunca me deixei fascinar por transa de fãs me agarrando, porque sei que é uma coisa de momento... Tento ser coerente com o meu trabalho e mais nada. Não me deixo seduzir por mordomias de sucesso: 'casacos de visom num dia; no outro trapos', tipo Billie Holiday." 

"Espero que, no futuro, não se esqueçam do poeta que sou. Que as pessoas não se esqueçam de que, mesmo num mundo eletrônico, o amor existe. Existem o romance e a poesia. Que mais crianças venham a nascer e é fundamental o amor aos pais."
Category: 1 comentários

1 comentários:

Anônimo disse...

Lindo! Caju era e sempre vai ser demais... Queria que ele estivesse aqui pra ter pelo menos chance de vê-lo, ao mesmo tempo não queria perder a imagem que tenho dele; um cara jovem, completamente livre, espontâneo e muito...hmm... muito PORRA LOUCA! hahahah. Parabéns Cazuza, pela geração que transformou, e pelas que transforma ainda nos dias de hoje!

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